Um dos filmes que vi esse final de semana se chama Dolls, um filme de Takeshi Kitano. Nome parece familiar? Dirigiu Zatoichi e também atuou em Batlle Royale, o professor maluco e homicida. Dolls é um filme intenso e triste. Takeshi utiliza o Bunraku (teatro japonês que encena muitas óperas sobre amores infelizes) para construir suas histórias. Cada uma delas mostra como o amor eterno e a morte estão interligados. A primeira história é a de um homem que abandona sua futura esposa, a procura de ascensão social e econômica, para se casar com outra mulher. Ao saber que a mulher abandonada enlouqueceu e tentou o suicídio, volta para cuidar dela, e para evitar que fugisse ou se perdesse amarra uma corda vermelha em sua cintura e a prende a si. A segunda é de um velho Yakuza, que também abandonou sua namorada. Ela jurou esperar por ele todos os sábados, onde costumavam se encontrar. Muitos anos mais tarde ele volta ao local e lá estava ela, esperando. A terceira história é a de uma jovem cantora pop que após um acidente de carro tem o rosto desfigurado. Apesar de se esconder de todos se depara com seu maior e mais fiel fã e sua imensa devoção.
Kitano utiliza cenários e cores estonteantes como plano de fundo para cada um dos personagens e suas vidas amarguradas. Vários elementos da cultura japonesa (como o próprio teatro de marionetes, que inicia e encerra o filme) tornam o filme mais intenso, porém podem acabar deixando alguns espectadores perdidos. Também é um filme lento, de poucos diálogos.
Dolls é, para mim, meu filme mais violento porque a morte atinge os personagens de modo muito espontâneo, mais brutal até do que quando causada pela violência. É o destino que os vitima. Mesmo as paisagens estão impregnadas por um sentido de morte como as flores da cerejeira, que florescem completamente justamente quando estão prestes a cair